Quarteto Fantástico

Dica número um para cinéfilos e simpatizantes sobre blockbusters: evite criar expectativas. Com elas fica mais fácil exigir demais e se decepcionar. O caso do novo filme do Quarteto Fantástico ainda é mais complexo, já que quando anunciado muita gente rejeitou a ideia, aos poucos convencidos pelos trailers, materiais promocionais e nomes envolvidos. Resultado, um escorregão com cara de exigência do estúdio que aticou a ira dos "haters" ao redor do globo.

Assistimos pela terceira vez a história de origem da primeira "família de super-herois". Atualizada, aqui os poderes não se originam em uma viagem espacial, mas de uma jornada à uma dimensão paralela. Experimento cientifico que busca entender e salvar nosso planeta, e que só funciona quando Reed Richards (Miles Teller) entra no projeto iniciado por Victor Von Doom (Toby Kebbell) e comandado por Dr. Franklin Storm (Reg E. Cathey), pai de Susan (Kate Mara) e Johnny (Michael B. Jordan), e figura paterna para todas as "crianças" prodígio do projeto.

Aproveitando o bom elenco para trabalhar a relação entre os personagens, o filme se desenvolve com uma ficção cientifica com toques de terror, especialmente nas primeiras manifestações de seus poderes. Ao abordar as habilidades como uma anomalia assustadora, e não como algo que assusta a princípio, mas é em seguida abraçada pelos atingidos. Aqui todos, preferem ser "curados", alguns com mais esperança que outros.

Logo, assistimos à orgânica amizade entre Reed e Ben Grimm (Jamie Bell), passar de saudável à uma relação de mágoa e culpa. Bem como, o comportamento rebelde de Johnny tomar novos contornos, que vão de encontro à visão de seu pai e irmã. Enquanto o governo tenta tirar proveito de suas cobaias humanas de laboratório. Uma abordagem diferente, para filmes de super-heróis.

Então, faltando cerca meia hora para o fim da projeção, parece que alguém percebeu: "céus, ainda não vimos a "super-equipe em ação!". É exatamente aqui que o filme despenca ao correr para apresentar, combater, um vilão com plano mais mirabolante e absurdo possível - SPOILER - ele quer destruir a terra e governar, sozinho, um planeta inóspito. (What???) - FIM SPOILER.

Surge aí, um desfecho desconexo e apressado, que não condiz com o ritmo e estilo da narrativa apresentado até então. O baixo orçamento também não ajudou nos momentos com efeitos especiais mais elaborados, que inclui o obrigatório raio azul vindo do céu. Ao menos entre o Quarteto, os efeitos são bem produzidos, embora o Coisa apesar de realístico tenha ficado um tanto quanto inexpressivo.


Quarteto Fantástico apresenta uma abordagem nova interessante para heróis já conhecidos das telas. Resultado do estilo próprio do diretor Josh Trank. Mas se perde quando deixa o estúdio e a necessidade de se encaixar no padrão "aventura de super-heróis", interferirem. Uma pena! Pois o elenco mais jovem e competente, é a opção mais propícia, para ver como as relações entre cada personagem, os tornariam uma família. 

Já, que o estrago está feito, e as críticas estão ganhando enormes proporções (em parte por causa do comportamente de Trank, em relação ao resultado e contra a Fox). Resta a nós que toda a turbulência, não eliminem as possíveis sequencias, e nos condenem a começar, mais uma vez, essa história.

Quarteto Fantástico (Fantastic Four)
2015 - EUA - 100min
Ação/Ficção científica

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