A evolução das Princesas Disney

Agora já faz mais de um ano que Elza e Ana invadiram as salas de cinema de do todo o mundo. E além de infectar várias gerações com uma das melhores (realmente no bom sentido) músicas chiclete da história, também surpreendeu uma geração que clamava: "Oh! A Disney está finalmente mudando sues paradigmas!!!"

Felizes de como, de uma hora para outra, as princesas do estúdio se tornaram fortes, independente e um ótimo exemplo para a meninada. Já esta blogueira que vos escreve, após ler dezenas de analises sobre esta nova faceta da realeza do estúdio do Mickey, não pode mais evitar apontar: "Qual é pessoal? Não foi uma mudança tão repentina assim!"

Sem desmerecer as qualidades de Elza e Ana, mas elas são o feliz resultado de uma muito lenta evolução não apenas na visão do estúdio, dos criadores e dos espectadores, mas da sociedade como um todo. Para notar isto, basta dar uma breve olhada em suas antecessoras:

Antiquadas, mas completamente aceitáveis pela sociedade que as originalmente recebeu. Branca de Neve, Aurora (Bela Adormecida) e Cinderela, eram sim arquétipos da princesa frágil à espera de um príncipe no cavalo branco. A Gata Borralheira ainda tenta, arrumar seu vestido para o baile, escapar da torre, mas é incapaz de fazê-lo sem ajuda.

Mas então veio o hiato de 30 anos....

Entre A Bela Adormecida (1959) e a Pequena Sereia (1989), a sociedade mudou, e muito. Inclua aqui a mudança no papel social da mulher (embora ainda não totalmente livre de preconceitos), até o reconhecimento da adolescência como uma parte "particular" da vida. E claro, a evolução do mercado de consumo que visa adequar suas obras aos máximo à seu público alvo, que consequentemente vai comprar os produtos licenciados enlouquecidamente.

Quando finalmente conhecemos Ariel, ela é uma rebelde sem causa. Meio egoísta mais cheia de atitude para conseguir o que quer, mesmo  que o objetivo ainda seja "o par perfeito". Menos egoísta e mais sedenta de liberdade, Jasmin foge para ver o mundo. Se apaixonar foi bônus, e ao menos seu par ideal, não é o perfeito príncipe no cavalo branco. Bem versada, e com instinto de heroína, Bela se sacrifica por seu pai e defende seu mocinho da multidão com tochas. Embora a síndrome de Estocolmo, seja algo a que se pensar.

Pode não parecer, mas mudanças significativas já podiam ser notadas nestas três. Mas se você ainda não tinham percebido, a partir daí as coisas ficam mais evidentes:

Pocahontas, conquista voz política nos conflitos entre sua tribo e os colonizadores. E é a primeira a não ter seu "final feliz" com seu interesse romântico*. Mulan, nunca entra para realeza realmente mas faz parte da "franquia Princesas" (olha aí o mercado de consumo garantindo uma personagem para garotinhas de origem oriental se inspirarem). Presa pelas limitações da sociedade patriarcal de sua época, ela se veste de homem, vai para guerra. Por ser mulher, e ter pontos de vista e métodos diferentes de seus colegas acaba por salvar a China. Interesse romântico, tem sim, mas é um bônus e não interfere realmente na história*.

Tiana é a primeira focada exclusivamente em sua carreira. Ao contrário daquelas que seguiam o príncipe, é ela quem dá rumo à seu interesse romântico, nascido via "compartilhamento" de aventura, afinal ela não estava procurando, lembra? Já Rapunzel estava presa em uma torre sim, mas em submissão a sua falsa mãe, outra mulher. Não devido a sociedade machista em que se passa a sua história. E quando encontrou um objetivo, ela saiu, com as dúvidas e hesitações de "abandonar o ninho", e chantageando um homem como guia.

Merida é da Pixar, mas como Mulan encontrou uma brecha e entrou na franquia. Praticante de esportes radicais, portador de uma arma letal, se recusa a casar. E o relacionamento que tem que resolver não é com o boy magia, aliais nem existe um nesta trama, mas com a mãe. Conflito típico de uma adolescente, não?

É aqui que chegamos a Elza primeira rainha, sem marido (se você não contar a Princesa Mia - Anne Hataway - de Genóvia, que curiosamente, também é Disney), abre mão de seu poder para proteger seu reino, e consequentemente embarcar em uma viagem de auto-descoberta, que inclui o relacionamento com a irmã caçula. Com tanta coisa acontecendo, quem tem tempo para interesse romântico? Mas não, se iluda, vem sequencia para ela por aí, e não deve ser direto para home-vídeo.

Olhando como um todo....

De princesas à espera do príncipe encantado, à adolescente rebelde, à moças educadas com vontade de descobrir o mundo, àquelas que assumem a tarefa de salvar a todos, criar um futuro por conta própria, até rainhas ajuizadas que não deixam suas irmãs casarem com um cara que acabaram de conhecer. Nem era preciso olhar tão atentamente para notar uma evidente evolução em curso.

Um caminho longo e gradual que reflete a sociedade da época em que foram criados. Logo, é sim para se orgulhar dos feitos de Elza e Ana, mas não precisa ficar tão surpreso. E tenha certeza, que ainda há muito para as mocinhas da realeza, e as mulheres da realidade conquistarem. Enquanto arte e vida real vão continuar refletindo, uma a outra.

P.S.: Antes que os "haters" venham colocar defeitos. Tenho ciência que minha opinião não é uma verdade absoluta. Muito menos um estudo detalhado. É apenas uma observação, de uma expectadora, que cresceu com estes diferentes modelos "a serem" seguidos, sem perceber acompanhou esta evolução. E espera ter apreendido o melhor que cada uma destas personagens tem a oferecer.

*Vale lembrar que esta analise ignora as sequencias, que além de menos conhecidas dos grande público, já que lançadas direto em home víde, também são inferiores em qualidade, e até alteram características das personalidades das personagens.

Leia mais sobre Princesas e Frozen. Ou ainda as resenhas de Valente,  Enrolados e A Princesa e o Sapo

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