Guardiões da Galáxia

A imensa maioria do público nunca sequer ouviu o nome Guardiões da Galáxia. Entretando, se em 2008 investir em um personagem "de segunda" (Homem de Ferro), em seu primeiro longa metragem, era um passo arriscado para Marvel. Agora a empresa parece mais que confiante em apostar em seu acervo menos conhecido, uma vez que seus personagens mais populares (Homen-Aranha, X-Men e Quarterto Fantástico) estão nas mãos de outras empresas.

Peter Quill (Chris Pratt), era um garotinho solitário da terra nos anos de 1980, quando foi literalmente abduzido. Agora, ele é um fora da lei cuja personalidade pode ser explicada pela trilha sonora, de se toca-fitas (uma das poucas coisas que levou da Terra), ou por suas referências da cultura pop, todas dos anos 80. Inclua-se aí Indiana Jones e Star Wars.

Nosso herói, por assim dizer, se une acidentalmente com a letal Gamora (Zoë Saldana), o guaxinim gênio falastrão Rocket Raccoon (Bradley Cooper), o "ent" de linguagem limitada Groot (Vin Diesel, inclusive na versão dublada) e e o monte de músculos sentimental Drax (Dave Bautista). Odiando uns aos outros, não demora muito para o grupo perceber que precisam trabalhar em equipe se quiserem salvar seu pedaço de universo do terrível Ronan - O Acusador (Lee Pace de Pushing Daisies).

E se não pode contar com conhecimento prévio dos personagens, Guardiões da Galáxia aposta em características conhecidas e referências pop para envolver o expectador naquele universo multicolorido. Assim, temos uma cena inicial que relembra a de Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, um personagem carismático cuja fala é inteligível para os expectadores (Groot=Chewbaca), uma nave gigantesca a ser abatida, e até personagens escapando da batalha na última hora, direto para o próximo filme.

Entre outras inúmeras referências, em sua grande maioria ancoradas no personagem de Pratt. Único humano em cena, Quill acaba se tornando o ponto de apoio para o expectador na frenética, colorida e bem humorada trama. E põe bem humorada, nisso!

Assumidamente, uma produção de tom mais leve que os longas anteriores da Marvel (não que algum deles seja realmente pesado). Guardiões da Galáxia  faz piada de si mesmo. E mesmo nos momentos mais tensos, não deixa o expectador perder a esperança na vitória dos mocinhos. Uma trégua mais que bem vinda. Em um período em que os supre-heróis tentam ser levados mais à sério, seja pendendo para o realismo (Capitão América), ou mesmo para tons sombrios (Cavaleiro das Trevas), é bom uma produção recordar que heróis podem apenas ser divertidos, caricatos e coloridos. Desde que o roteiro seja inteligente.

Ah! E por falar em coloridos, com apenas um humano em cena, não faltam alienígenas de diferentes cores e formas. Muitos deles acertadamente criados através de maquiagem ao invés do CGI. Não que a computação gráfica não tenha seu espaço, esta se faz presente, nas impecáveis figuras de Rocket (que na dublagem nacional virou "Roque") e Groot. Em momento algum soam falsos, e em muitos entregam atuações emocionantes, em uma animação impressionante. 

O mesmo vale para os cenários, exuberantes e distintos, seja com o limpo evoluído planeta natal da Frota Nova, ou com o tumultuado crânio gigante transformado em mina, o trabalho é impecável . Já o 3D, convertido, não me fez falta embora algumas cenas possam ficar interessantes com a tecnologia, afinal é um filme no espaço, com batalhas entre naves.

Inteligente e divertido, até a própria Marvel não tem dúvidas do sucesso de sua nova super-equipe (até anunciou sua sequencia, antes mesmo da estreia deste). Quanto ao restante do universo dos quadrinhos na tela, o longa também traz referências aos longas anteriores, inclusive algumas respostas para fãs mais atentos de Marvel's Agents of Shield. Resta saber como, e quando, esse universo multicolorido vai se encontrar com os heróis "mais pé no chão", e como essa diferença de tom será ajustada. A nós espectadores, só resta controlar a ansiedade e torcer para que a boa fase da Marvel dure por um bom tempo.

Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
EUA - 2014 - 121 minutos
Aventura


P.S.: É claro, que existe cenas pós-créditos (embora divertida não tão reveladora quanto os fãs desejavam). Procure por Stan Lee, como de costume.  Para os fãs de Doctor Who, Karen Gillan vive a vilã azulada Nebula (que na versão dublada virou "Nebulosa"). Também há participações especiais de Gleen Close e Benício Del Toro. 

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