Amanhecer - Parte 2

Quando chegamos ao final começamos a pensar no princípio. Pensando no princípio da Saga Crepúsculo, é difícil admitir que achei o primeiro filme uma boa ideia. Vale esclarecer: assisti a película às escuras, sem fazer ideia do fanatismo que cerca a franquia e das diversas sequencias literárias. Acreditava que era uma sessão da tarde "divertidinha", que ficaria por isso mesmo. Talvez estimulando algumas adolescentes descobrir toda a mitologia em torno dos vampiros tradicionais. Até fiz uma crítica favorável. Ingênua eu, né?

Então, Bela (Kirsten Stuart), finalmente conseguiu o que queria, morrer virar vampira .Mas ela também se torna mãe, e sua "cria" tem características únicas, que logo chamam atenção dos perversos Volture. Isso obriga nossos protagonistas a buscar aliado nos quatro cantos do mundo, para uma possível batalha.

Aparentemente, ser vampiro é infinitamente melhor que ser um reles mortal, o mundo é mais bonito, você fica mais forte, rápido, não sente frio calor, e se for sortudo ainda pode ter outros dons que vão além nunca dormir e brilhar ao sol. Projetar escudos, manipular os elementos, dar choque, são esses poderes que garantem o show durante a possível batalha, e se bobear uma bolsa integram na escola para super dotados do Professor Xavier.

Entretanto, é na protagonista que percebemos a maioria das mudanças. Curiosamente mais corada do que quando tinha vida. A moça, que jogou fora tudo que nossas tataravós conquistaram queimando sutiãs em praça pública,  se apresenta mais ativa e decidida, embora ainda dependente e submissa a seu antiquado marido. Este por sua vez esquece todo o dilema de privar sua amada de uma alma ao morde-la que movera a trama até aqui, e aparece pela primeira vez de "bom humor", apesar de todo seu clã estar prestes a enfrentar uma situação de vida e morte.

Talvez Eduard (Robert Pattinson) estivesse feliz por finalmente não precisar mais disputar sua amada com Jacob (Taylor Lautner). O lobisomem agora foi domado por Renesmee (Mackenzie Foy), filha de Eduard e Bella. (Oi?)Sim, soa estranho (muito estranho), mas quem leu o livro jura: não é pedofilia.

E por falar em estranheza, todo o orçamento para efeitos especiais deve ter sido usado para mostrar a deterioração de Bella durante a gravidez. Uma vez que a estranha decisão de manter o rosto de Mackenzie Foy (12 anos) digitalmente em todas as fazes da vida de Renesmee, foi tão mal feita que a menina parece um daqueles animais falantes de filmes do final dos anos 90.

Sutileza também passa longe do roteiro, onde instintos primitivos como buscar alimento, passam a existir incontroláveis, apenas caso alguém se lembre deles. E personagens não estadunidenses, se limitam às meras caricaturas que Meyer conhece de culturas alheias.

Outro que abandonou a sutileza é Michael Sheen (o líder dos Volturi), aparentemente o ator decidiu se divertir, com o papel. Abusando dos trejeitos, caretas e de sua roupa de paquita com capa. É bobo, forçado, mas umas das melhores partes do filme. Talvez por assumir que não era grande coisa.

Também uma boa passagem é o embate entre os vampiros. Uma bem montada cena de luta, que infelizmente perde toda a força, com seu desfecho morno. Copiado das sequencias de abertura de Premonição, o final mantém o "status quo", não resolve nenhum problema, deixando soltas todas as pontas construídas durante cinco longas. E a ameaça iminente de retomar a história, caso Meyer fique entediada. 

Menos focado no romance egoísta, que exige que a pessoa abandone sua individualidade pelo outro (Bela, mal vê o pai, mãe e amigos, não existem mais), é o melhor dos cinco filmes. O que não é grande coisa. E ainda termina nos mostrando os "grandes momentos da saga", seguido de uma sequencia de créditos com imagens de todos que participaram da franquia (inclusive atores bruscamente substituídos de um filme para o outro). Para agregar importância a saga. Quem acha que isso foi copiado de O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei levanta a mão! 

Cinco filmes mais tarde, pode-se dizer que minha visão mudou e muito. Se graças as falhas do próprio filme, a melhora na minha análise crítica, ou ambos, não tenho certeza. Mas uma coisa é fato, uma saga de verdade não precisa anunciar o fato. Ou por acaso assistimos "A Saga Senhor dos Anéis", "A Saga Star Wars"? Saga ou não, que bom que todas tem um final, certo?

A Saga Crepúsculo - Amanhecer - Parte 2 (The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 2)
EUA - 2012 - 115 min.
Romance

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