The Crown

Não se sinta culpado por ainda não ter encontrado tempo de assistir The Crown, mas sinta-se culpado caso a série não esteja em sua extensa lista de produções da Netflix. Afinal, a série tem a proposta de contar a história de uma das figuras mais proeminentes da história mundial nas últimas décadas. E ela continua por aí à fazer história, Elizabeth II é a primeira monarca à comemorar Jubileu de Safira. Ao completar em Fevereiro deste ano 65 anos no trono.

Se tudo isso ainda não for suficiente para você, The Crown já criou alarde ainda durante a produção, por ser a série original mais cara do serviço de streaming. Investimento bem feito que salta na tela ao longo de seus dez episódios.

Começamos à acompanhar a jornada de Elizabeth (Claire Foy) na ocasião de seu casamento com o Príncipe Philip (Matt Smith, o 11º Doctor) quando a jovem de 21 anos ainda não era o centro das atenções. É assim que, junto com ela acompanhamos os últimos anos de reinado de seu pai, e a vemos lentamente se tornar o pilar de uma nação. Ser coroada, aprender a "reinar", lidar com as responsabilidades e restrições de seu cargo, com os primeiros ministros, tentar equilibrar o papel de monarca, esposa, mãe, irmã e amiga (embora a monarca quase sempre vença) são algumas das dificuldades que vemos a protagonista enfrentar nesta primeira temporada.


Saltos de tempo, flahsbacks e ritmos diferentes para lidar com dilemas diferentes podem soar como instabilidade. A meu ver parece ser uma escolha da série de dar a cada tema o tempo e desenvolvimento que eles achem necessários, independente de desagradar alguns expectadores. Outro detalhe que pode incomodar é o excesso de didatismo para alguns temas. Particularmente, didatismo que acho necessário, afinal a Netflix esta espalhada por todo o mundo, e nem todo país tem uma família real. Muito menos, uma com a tradição normas e protocolos da realeza britânica, e mesmo os que a tem, podem não estar familiarizados com os dilemas da nobreza de seis décadas atrás. O que me incomoda é apenas a instabilidade deste didatismo, o que pode nos deixar momentaneamente confusos, especialmente em relação às passagens de tempo.


É claro, apesar de se tratar de uma história real. A grande maioria das cenas, é romantizada considerando o âmbito privado das relações da família real. Mas os dilemas são verdadeiros, e o roteiro "sem amarras" neste sentido dá ao elenco muito com o que trabalhar. Assim, podemos acompanhar o admirável trabalho de Foy, ao transformar uma jovem doce, em uma monarca firme, conforme os desafios do reinado se apresentam. Enquanto isso Vanessa Kirby constrói o contraponto perfeito à rainha ao apresentar sua irmã, a Princesa Margaret, como um espirito livre, sem amarras disposto a seguir seus sonhos, embora ainda viva sob as mesmas rígidas tradições.



Os "whovians" que ocasionalmente se interessarem pela série por causa de Matt Smith vão se surpreender ao vê-lo da pele do "forçadamente contido" príncipe Philip. Longe da extravagante personalidade do Doctor, o consorte ainda é um homem de opinião forte e cheio de ideais modernos, forçado a viver literalmente um passo atrás da esposa na sociedade extremamente machista dos anos de 1950. Outro que chama atenção é John Lithgow compondo um Winston Churchill cheio de nuances. O experiente Primeiro-Ministro acredita que é o melhor para o reino, e inclusive para a muito jovem rainha. Entretanto, com o tempo se mostra ideológica e até fisicamente ultrapassado para o cargo.

Já a direção de arte é onde provável e sabiamente foi gasto grande parte do polêmico orçamento é indispensável para nos transportar para a atmosfera da realeza em meados do século XX. Vale lembrar: não dá para alugar o Palácio de Buckingham como locação, logo quase tudo precisou ser recriado em toda sua grandiosidade e esplendor. Detalhismo que se estende aos figurinos e acessórios. Afinal precisamos acreditar que as jóias que Foy usa em sua coroação por exemplo são reais como as usadas pela verdadeira Elizabeth segunda. A reconstrução de época e mesmo a criação dos personagens são muito beneficiados por esse capricho. O já mencionado contraponto entre Elizabeth e Margareth por exemplo não seria tão impactante, se o figurinos de ambas não fossem tão opostos. Enquanto a rainha geralmente usa peças mais sóbrias e discretas, sua irmã brilha como uma verdadeira princesa de contos de fadas com figurinos luxuosos e exuberantes.

The Crown é série obrigatória na sua listinha da Netflix e já começou a colecionar prêmios por seu esmero. A primeira temporada tem 10 episódios com cerca uma hora cada, todos disponíveis na plataforma de streaming. O segundo ano já está em produção.

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*Se você como eu, ficar curioso (e até com algumas dúvidas), quanto a família real britânica, suas tradições, história e até o encantamento que causam, recomendo que assista o documentário The Royals. Também disponível na Netflix, que abordam a vida na nobreza sob aspectos distintos, como casamentos, jovens e nascimentos em seis episódios temáticos.

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