Desventuras em Série - 1ª temporada

Se você está lendo esta resenha é porque passou, ou pretende passar, oito preciosas horas da sua vida assistindo uma história triste. Uma série que não vai te trazer nenhum momento de alegria, nem mesmo alguns poucos segundos de final feliz. Ao menos uma coisa posso lhe garantir: não vou passar toda o texto abaixo imitando a narração depressiva de Lemony Snicket para a aventura dos Baudelaire. Até porque, apesar de se trata de um incontável número de Desventuras em Série, a nova produção da Netflix vai sim te trazer momentos de diversão.

E por falar na narração desencorajadora Snicket (Patrick Warburton), ela é apenas um dos vários elementos encantadores da produção. Pausando, interrompendo, participando da cena, narrando de um local completamente diferente, não falta criatividade para as interrupções do autor/narrador/personagem. Mas antes uma breve introdução para quem esteve preso por um mau tutor nos últimos anos, e não faz ideia do que trata a série.

Violet (Malina Weissman, a joven Kara em Supergirl), Klaus (Louis Hynes) e Sunny Baudelaire (Presley Smith), perdem os pais em um incêndio que destrói completamente a mansão em que viviam. Órfãos, são enviados de tutor à tutor conforme o primeiro deles o malvado, e mal ator, Conde Olaf (Neal Patrick Harris) elabora e executa esquemas para roubar sua fortuna. Inclua aí, a incapacidade dos adultos que os cercam de compreender e acreditar em coisas óbvias, e um grande mistério sobre a morte dos pais das crianças.

Baseada na série de livros de Daniel Handler (sob o pseudônimo de Lemony Snicket), a produção da Netflix dedica dois episódios para cada volume da aventura. Assim na primeira temporada acompanhamos as histórias de Um Mau Começo, A Sala dos Répteis, O Lago das Sanguessugas e Serraria Baixo-Astral. É nesse tempo dedicado à cada história que está um dos pontos fortes da trama.

Há tempo de desenvolver cada nova desventura, e não é preciso cortar detalhes que os fãs dos livros tanto amam. Acerto que fica evidente na inevitável comparação com a versão para os cinemas estrelada por Jim Carrey em 2004. O filme é eficiente, mas precisou economizar e dar grandes voltas no roteiro para encaixar os três primeiros livros em apenas duas horas de projeção.

Já a direção de arte, acerta na variação entre uma quase monocromática paleta dessaturada e leve toques de cor (quase sempre em tons pastéis) para representar os breves momentos de esperança em meio a triste saga dos irmãos. Já os cenários e figurinos, situam a história quase em uma Terra alternativa, misturando características de diferentes épocas. Nunca sabemos com certeza, quando a história acontece.

Mas sabemos o que esperar das crianças. Weissman e Hynes abraçam seus papéis, e até a pequena Presley Smith funciona bem em cena. O escorregão fica por uma ou outra cena da bebê Sunny em CGI. Nada que comprometa, afinal não queremos ver um bebê de verdade brincando com uma cobra ou roendo coisas muito duras.

Aberturas exclusivas para cada livro, boas participações especiais (que não vou enumerar, pois caso você ainda não saiba, a surpresa é sempre melhor) o tom na medida entre o sombrio, lúdico e cartunesco. Tudo encaixadinho para tornar Desventuras em Série uma das melhores adaptações. Entretanto seu grande trunfo é também seu maior escorregão -  Neal Patrick Harris!

Calma, não precisa me xingar ainda. - Como a maioria dos expectadores, eu também acho que o ator é a escolha perfeita para o arqui-inimigo dos protagonistas, o Conde Olaf. A produção acertou em cheio na escolha e provavelmente se empolgou um pouco demais com isso. Harris não precisa "roubar a cena", pois estas são dadas à ele, antes mesmo que ele tente. E sim ele entrega um trabalho excelente, mas que perde a força diante da overdose do conde em cena.

Precisamos nos preocupar um pouco mais com os irmãos Baudelaire.  Mergulhar junto com o trio, em seus breves momentos de calmaria, causando maior impacto a cada nova aparição do vilão. Mas é difícil quando acompanhamos até o planejamento dos esquemas do vilão. Mencionei que Neal também canta a música da abertura? 

Ok. Admito, todos sabemos que é a série do Neal Patrick Harris. Assim como o filme era mais de Jim Carrey que das crianças. Mas seria muito melhor se o deixassem conquistar a série sozinho. Felizmente como mencionei acima Harris corresponde às expectativas. E os excessos podem, e serão encarados, não como um erro mas como um ajuste para as próximas temporadas. 

Bem produzida, divertida (apesar dos avisos do narrador/autor que dizem o contrário) e mais importante, para toda a família. Um dos poucos produtos da Netflix que serão apreciados independente da idade, e nichos. Conhecer os livros apenas tornará a experiência mais interessante, mas também não é exigência.  Desventuras em Série é uma das séries mais democráticas da plataforma de streaming

Desventuras em Série tem oito episódios de uma hora cada, todos já disponíveis na Netflix. Os produtores planejam gravar a segunda, e talvez terceira, temporada em breve para que as crianças não cresçam demais.

Leia mais sobre séries e Netflix.

2 Comentários

  1. Nossa! Legal seu site, blog, estilo, formato de tudo! super show mesmo! Realmente seu trabalho é top e digno de ser reconhecido cada vez mais! Com que frequência você posta artigos? Tem canal no Youtube também? Ahh e se não estiver participando do evento la no Melhor Amiga, eu recomendo viu? Abraços!

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  2. Olá, Gustavo

    Desculpe a demora nas resposta, tive um problema com o sistema de comentários. Que bom que gostou do meu blog, espero continuar agradando. Em geral posto de duas à três vezes por semana. Não tenho canal no YouTube (ainda, nunca se sabe né). Mas escrevo também no Roteiro Adaptado que junta estas "nerdices" com viagens, talvez interesse.

    Fiquei curiosa com o evento no "Melhor Amiga", talvez já tenha acabado, mas pode me contar mais sobre ele?

    Obrigada pela visita!

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