Gilmore Girls: Um Ano para Recordar

Gilmore Girls: Um Ano para Recordar chegou no último fim de semana à Netflix. O tão celebrado revival pode (e provavelmente vai) causar sentimentos conflitantes. Dividida em quatro episódios de noventa minutos, cada um em uma estação do ano diferente a curta temporada revisita as vidas de Lorelay e Rory ao longo de um ano. E traz de volta, mesmo que em pequenas participações, quase todo o elenco.

A única grande ausência é de Edward Herrmann, o intérprete do patriarca da família Gilmore faleceu em 2014 e sua ausência foi incorporada à trama. A morte de Richard é o que permeia boa parte da história, mas não é o ponto de partida.


Na primeira estação, o inverno, Rory volta de uma longa temporada fora, construindo sua carreira. Em uma fase de transição profissional, e com a perspectiva fora da realidade, ela escolhe demais, toma decisões erradas e precisa redescobrir seu caminho.

Lorelay (Lauren Graham) está em uma relação estável com Luke (Scott Patterson), sua pousada chegou ao auge e a sensação é de estagnação. Com todos os sonhos iniciais alcançados, ela precisa descobrir qual o próximo passo. Tudo isso entre cafés, sarcasmo e referências.

De longe a narrativa mais interessante, no entanto, é a de Emily (Kelly Bishop). Sozinha pela primeira vez após 50 anos de casamento, a aristocrata exigente e cheia de regras precisa não apenas superar o luto, mas descobrir o que fazer com a vida. Nessa jornada, ela quebra as próprias regras, descobre novas relações com todos a sua volta, e ganha outras prioridades. Além de enlouquecer Lorelay no processo, claro. A sensação que fica é que agora as "Garotas Gilmore" são três!


Quanto ao retorno do restante do elenco, fica evidente: o roteiro foi escrito de acordo com a disponibilidade dos atores. Especialmente aqueles com carreira mais consolidada. O que funciona melhor em algumas situações que em outras. Faz muito sentido, por exemplo, que April (Vanessa Marano), filha de Luke apareça em uma rápida visita ao pai em uma folga dos estudos. Já a ausência da melhor amiga (e sócia) de Lorelay, Sookie durante toda a temporada, só é justificável pela disponibilidade de Melissa McCarthy para filmar apenas uma cena. - Isso mesmo, Sookie está apenas em uma cena. Contentem-se com Michel (Yanic Truesdale)

Já Dean (Jared Padalecki) e Lane (Keiko Agena) não tem muito a acrescentar à narrativa, estão lá por pura nostalgia. Novamente a diferença entre o tempo de tela, está diretamente ligado à agenda dos atores. Estas participações no entanto não chegam a ser um ponto ruim. Afinal, os moradores de Stars Hollow e suas histórias de fundo compondo aquele universo estão entre as características únicas e favoritas da produção.

Sammy Dean, Jess e Logan
Quem ganha com isso é Kirk (Sean Gunn), que cumprindo a tradição, está presente em toda parte - Toda mesmo! - E Logan (Matt Czuchry), irritante, porém aparentemente, o único ex-namorado de Rory com agenda livre (Jess - Milo Ventimiglia - também faz participações). 

Paris (Liza Weil, com o visual de Bonnie de How to Get Away with Murder) aparece bastante, mas some na segunda metade da temporada. Ainda é a personagem mais constante (mesmo que meio louca) e irretocável da produção.
Minha chefe Annalise está procurando um novo lugar para lecionar.... ops, série errada!

Some-se isso ao retorno às loucuras de Taylor (Michael Winters) - a organização da primeira parada Gay da cidade já é um clássico; as fofocas de Patt (Liz Torres, irreconhecível) e Babette (Sally Struthers), as estranhas festas anuais que nunca se repetem e a produção já acerta pela nostalgia. E até acrescenta novos devaneios como o impagável "Bar Secreto".

Propositalmente, ou não, o retorno acontece exatamente 16 anos após a primeira temporada. Rory (Alexis Bledel) agora tem a mesma idade que a mãe quando as conhecemos pela primeira vez. Isso já muda bastante a perspectiva, especialmente para quem compartilha idade com as protagonistas. Mas tudo bem, pois elas continuam exemplos de mulheres fortes, mas com conflitos como qualquer uma.Atendendo à tendencia do empoderamento feminino, que a série já abordava antes mesmo de virar moda.

Com mais pontos fortes que fracos, e algumas limitações de elenco, Amy Sherman-Palladino conseguiu recriar a atmosfera da série. As referências, os diálogos rápidos e inteligentes, e os personagens carismáticos estão de volta. Só faltou mesmo encontrar um espacinho para tocar a fofa música da abertura. Não a ouvimos em momento algum, mesmo com a participação de Carole King, compositora e intérprete, em um dos episódios.

Gilmore Girls: Um Ano para Recordar é um retorno sincero à série tanto para a equipe quanto para os expectadores. Mata a saudade, aplica doses de nostalgia e deixa um gostinho de quero mais (aquele final em aberto significa alguma coisa Netflix?), não apenas pelas protagonistas, mas de Stars Hollow como um todo. Provando um argumento que muita gente já defendia: sinto muito admiradores das "Lorelais" o melhor da série é o universo e seus loucos habitantes.

Gilmore Girls: Um Ano para Recordar tem quatro episódios de 90 minutos, todos disponíveis da Netflix. As sete temporadas da série original também estão disponíveis no serviço de streaming. 

P.S.: Para quem via dublado no SBT, sim as vozes são quase todas as mesmas. Já os fãs de Doctor Who devem adorar uma nova personagem. 

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