Fear the Walking Dead - 2ª temporada (parte 2)

Está confirmado: Fear the Walking Dead herdou mesmo o DNA de sua antecessora The Walking Dead no quesito instabilidade. Felizmente, esta última metade da segunda temporada ficou na cuva de cima, desta trajetória de altos e baixos.

Em maio após uma primeira metade de temporada sonolenta, a série surpreendeu a todos com um hiato, sem motivo aparente. Seja qual fosse o motivo oficial da pausa, é inegável que a produção aproveitou o "respiro" para ajustar os ponteiros.

Separado antes da pausa, acompanhamos os pequenos grupos separadamente (fórmula que  The Walking Dead  também já usou). Á começar por Nick (Frank Dillane, o jovem Voldemort em O Enigma do Príncipe), que após alguns dias sozinho (ou melhor, na companhia de zumbis) no deserto aparentemente se livrou dos delírios de grandeza, e passa a obedecer as regras para ser aceito em uma comunidade. Bom, mais ou menos. 

Melhor personagem até agora, o viciado tem uma forma própria de enxergar a "nova ordem mundial". E esta vai ser decisiva para a comunidade e principalmente seu líder Alejandro Nuñez (Paul Calderon).

Madison (Kim Dickens), Alicia (Alycia Debnam-Carey), Victor (Colman Domingo) e Ofélia (Mercedes Madison) encontram um gigantesco hotel. Mas a unidade do grupo não dura muito, com Ofélia pensando por conta própria pela primeira vez (seu pai supostamente morreu no início da temporada), e decidindo buscar rumo próprio.

O trio que restou descobre que não é o único a encontrar o hotel como refúgio e precisa lidar com uma disputa territorial, e se possível limpar o local cheio de infectados. Eles até que se saem bem, até que Madison perde o foco a ter uma pequena possibilidade de encontrar Nick. Além de abalar a estabilidade desta comunidade em construção, esta mãe tem de aprender a valorizar a filha que ainda tem, Alícia. E ela bem que tenta, mas fatores atenuantes entram em cena.

Na última parcela do dividido grupo, Travis (Cliff Curtis), tenta trazer o filho Chris (Lorenzo James Henrie) de volta a razão. Adolescente revoltado, o comportamento só piora após a morte da mãe, e agora ele escolhe a versão extrema de sobrevivência ao apocalipse zumbi, a intolerância. É claro, eles também tem de lidar com os zumbis, as intempéries, a falta de comida e quem mais estiver pela estrada. O resultado não é dos melhores.

Ao separar e lidar com pequenos grupos o roteiro conseguiu enxugar a inflada série. Eliminando, literalmente, aqueles personagens mais difíceis de causar empatia com o público. Sem no entanto fazê-lo de forma burocrática como foi na fuga da instância no inicio da temporada. Desenvolveram arcos curtos e os encerram, dando um desfecho plausível para o público e deixando bons dilemas para quem fica.

Houve até quem crescesse com a situação, como Alicia. A moça passou da adolescente que fazia besteiras no barco, para alguém que finalmente abraça o extremo dessa nova existência. Também houve tempo para discutir o papel da fé nessa bagunça, se aproveitando da força que a religião tem em sociedades latinas. Vale lembrar que esta temporada se passou em Tijuana, no México.

Medidas extremadas, atitudes tomadas pelo medo, pelo instinto de proteção, o lado bom e ruim da natureza humana. Esses assuntos começa a ganhar espaço agora que os personagens já entendem o "novo mundo". Não há mais "apresentação", nem evolução do vírus, a condição está estabilizada e a trama deve seguir daí com a sobrevivência e as relações humanas.

Vai depender da empatia com os personagens, assim como The Walking Dead. O problema é que ainda nos importamos pouco com eles, à não ser por Nick. E os produtores provam saber disso, ao deixar o rapaz literalmente com uma arma na cabeça até o próximo ano. Infelizmente outra, não tão boa semelhança com a série original (quem aí já está cansado da incógnita criada por Negan?).

Ainda com altos e baixos Fear the Walking Dead melhorou muito em seu segundo ano, após o hiato. Se as alterações foram suficientes para trazer o expectador de volta na terceira temporada, só esperando para ver.

Fear the Walking Dead é exibida apenas pelo canal AMC, em transmissão simultânea com os Estados Unidos. Esta temporada teve 15 episódios e terminou no último domingo.

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