Once Upon a Time - 5ª temporada

Era uma vez, um cidade inteira que sofre de perda de memória crônica recorrente coletiva. Assim como escorregões frequentes em portais mágicos para terras distantes. Com sua quinta temporada recém finalizada, esta provavelmente é a forma mais simples e honesta de descrever a série Once Upon a Time.

A premissa original no entanto, tratava de seguir a vingança da Rainha Má, apos o "felizes para sempre" de Branca de Neve e Príncipe Encantado. Tema muito bem desenvolvido na primeira temporada, com eventuais participações de personagens de outras histórias no percurso. A partir daí a produção precisa ser criativa ao criar novos obstáculos para os moradores de Storybrooke. Desde então, passamos pelo País das Maravilhas, Terra do Nunca, Oz, Arendel, passado, presente, Nova York...

A primeira parada deste quinto ano foi Camelot. É claro, o reino do Rei Arthur é bastante diferente do que conhecemos. E um evento misterioso ocorrido por lá apaga a memória dos personagens,  e os traz de volta para casa com muitos problemas. Assim nós (e eles), possamos descobrir aos poucos o que realmente aconteceu em duas linhas narrativas. Fórmula bem sucedida desde o primeiro ano da série. Mas esta trama que gira em torno de Dark Swan, a versão malvada de Emma ocupa apenas metade da temporada.

No segundo arco, acompanhamos Emma, Regina, Henry, Branca, Encantado, Robin Hood e Rumpeltinskin até o submundo, para resgatar Gancho. Lá encontramos uma versão alternativa de Storybrooke, cheia de personagens falecidos em outras temporadas e comandada por Hades. O deus grego aqui, é uma versão "Wall Street" do vilão exagerado da animação Hércules da Disney. Em outras palavras, usa terno e eventualmente  cabelos em chamas azuis, e tem como propósito dificultar a vida dos heróis.

A inspiração no estúdio do camundongo, aliais, continua presente. Felizmente em quantidade menor que no ano anterior, mas ainda sim podando um pouco da criatividade visual e narrativa originais da série. Este ano, além de Hades, conhecemos uma versão fiel de Mérida e seu reino. A princesa de Valente, já é rainha de uma terra vizinha à Camelot. 

Apesar de menos presente, a adoção dos "parâmetros Disney", ainda soam como atalho para audiência através do sucesso do cinema. Mas, ignora os expectadores fiéis, que gostavam da originalidade dos primeiros anos. Vale apontar que os personagens que conduzem a trama, e tem a empatia dos expectadores, ainda são aqueles sem a influência do estúdio.

Também são estes, quem tem arcos complexos e evoluem de fato. Especialmente Regina, que passou de Rainha Má, a anti-heroína, a heroína atormentada e agora precisa lidar com seu lado ruim, literalmente. Logo, não importa quantas terras visitem, quantos personagens conheçam a trama gira sempre em torno da mesma família com, eventuais adições daqueles que foram melhor adaptados (Hook, Selena).

A escolha por um núcleo de personagens é compreensivo. É uma série de TV com muitos episódios e orçamento restrito. O foco é necessário. Mas a sensação de que alguns personagens são apenas acessórios fica maior a cada nova temporada. Além de eventuais momentos onde o expectador vai se perguntar por ande anda o personagem X ou Y.

Exemplo máximo disso, é Rubi. A Chapéuzinho Vermelho, desapareceu depois que sua intérprete foi trabalhar em outra série, mas esta foi cancelada e atriz estava disponível novamente. É apenas aí, que a trama explica por onde andava a personagem, em um flashback improvisado. Não satisfeitos, ainda utilizam a moça para criar o primeiro casal LGBT, da trama. O que sim, é uma boa ideia! Mas, jogada sem muito contexto em apenas um episódio, pareceu escolha gratuita, novamente pela audiência.

Entretanto a premissa de misturar personagens de diferentes universos ainda é interessante, e as opções infinitas. Tanto que é possível desperdiçar alguns apenas como curiosidades (pobre Hércules!). E mais importante, as duas primeiras temporadas foram excelentes e firmaram personagens carismáticos (à exceção de Zelena, todo núcleo principal foi introduzido nos dois primeiros anos) é por eles que a jornada vale à pena.

Infelizmente esse carisma não pode sustentar a narrativa para sempre. Especialmente uma com tantas histórias e regras misturadas, trama rocambolesca e muito tempo de duração. Once Upon a Time corre o risco constante de se perder em sua própria mitologia e consequentemente perder o expectador. O que vem acontecendo, o ano de estréia tinha uma média de 12,5 milhões de espectadores, esta quinta temporada chegou a somente 5 milhões em média.


No final das contas é uma série sobre corações....
Diante disso, repito minha afirmação do ano passado: espero que os criadores já tenham começado a pensar em um bom final para Once Upon a Time. Especialmente se lembrarmos que série é dos mesmos produtores de Lost, cujo final desapontou muita gente. Se despedir de um universo tá rico e divertido, e de personagens adorados é difícil, mas é muito melhor fazê-lo com qualidade, que apenas deixar o argumento se esgotar. Eu já estou me preparando para me despedir de Emma, Regina, Gold e companhia. E você?

Once Upon a Time já teve sua sexta temporada confirmada. É exibida no Brasil pelo canal Sony, suas primeiras temporadas estão disponíveis na Netflix. Na Record recebeu o título nacional de "Era Uma Vez". Leia mais sobre Once Upon a Time, sobre séries.

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