Bienal do Livro 2015

E aqui vou eu novamente comentar a minha visita à Bienal deste ano. Que desta vez surpreendeu, não pela feira em si, mas pela cobertura massiva de quem estava por lá. O que somado ao grande número de personagens (leia-se modelos com fantasias) trazido pelas editoras, me fez questionar em alguns momentos: seria mesmo  a Bienal ou alguma Comic Con?

E o que encontrei por la este ano? Belos e gigantescos estandes, repletos de livros (Dã!). A editora Novo Século selecionou este e mais 29 blogs do Rio para receber um mimo especial. Os brindes exclusivos aí da foto deixaram muito fã da Marvel, que passou horas tentando entrar no estande da Panini encucado. Onde tem?
Brindes exclusivos da Novo Século
A Leya levou novamente seu Trono de Ferro, agora com um cenário mais caprichadinho. Contribuindo para minha nova coleção de "fotos no assento mais desconfortável do mundo". E foi neste estande que comprei o único livro deste ano. Isso mesmo você leu direito. Apenas um livro! Pode acreditar, esta blogueira que vos escreve comprou apenas um livro na Bienal este ano.

O Mundo de Gelo e Fogo, uma senhora enciclopédia para quem ainda precisa se aprofundar ainda mais no mundo criado por George R. R. Martin. Em uma boa  promoção (não a melhor do mercado). Considerando a ausência de frete e a possibilidade de levar o tijolão para casa na hora, os dez reais à mais valem a pena.

Quer saber os motivos da lista diminuta? Eu conto, mais para isso vamos ter que deixar de lado o "mimimi". Parar de fingir que todas as experiências são incríveis e únicas (admitam é assim que vivemos nas redes sociais) e encarar o lado bom e ruim de todas as experiências.

Então, vamos falar a verdade sobre a Bienal do Livro do Rio?

Nesta 17ª edição os problemas crescentes de um evento que não se prepara para o aumento de seu público, deixaram de ser evidentes, para se tornar gritantes! E olha que nem estou falando do canteiro de obras (ou melhor de lama) que se tornou o entorno do Rio Centro (imagina no Rock In Rio!).

Não é de hoje que aponto para o espaço pequeno dos painéis (durma lá para conseguir senhas), dos estandes abarrotados, corredores apertados e preços não tão vantajosos, em relação a livrarias online.

Existem sim livros baratos, em promoções isoladas e principalmente expositores que reúnem títulos de várias editoras. Como quem revende consegue fazer preços melhores que aqueles que produzem o livro, é um mistério que me assombra há anos. Mas não se engane, aquele título que você está esperando para comprar provavelmente não estará entre os promocionais. A festa fica para quem curte descobrir livros nas pilhas de promoções, os chamados "achados". Isto é, se você tiver paciência, pois entrar nos estandes e enfrentar as filas são tarefas hercúleas.

O que nos leva ao maior problema do evento a falta de conforto (leia-se espaço). Honestamente, não sei como é calculado o número máximo de pessoas que o evento pode receber simultaneamente. A julgar pela quantidade de pessoas a venda de ingressos é indiscriminada. O resultado, filas muitas filas, dos estandes ao banheiro.

Segundo o G1, esta edição bateu o recorde da anterior com a venda de 3,7 milhões de títulos vendidos e público de 676 mil visitantes. O público só aumenta a cada edição, mas o Rio centro continua o mesmo! Mesmo espaço, mesmo número de banheiros, mesmo isolamento que permite que a praça de alimentação pratique preços exorbitantes.

A organização do evento anunciou mais espaço com o uso da praça central do Rio Centro, de jardins que antes não eram acessíveis e a expansão da área de alimentação externa. Mas aposto que não contavam com toda a chuva que atingiu a cidade nos últimos dias, eliminando toda a metragem extra da àarea esterna e tornando a situação ficou ainda pior. Com o espaço para a alimentação restrito as áreas cobertas (nada de piquenique no gramado), e as longas filas na chuva, em especial para o público que precisa passar pelo lento credenciamento para entrar (professores, bibliotecários, profissionais do livro...).


É verdade que a Bienal do Livro foi um sucesso. Somando os mais de 3 milhões de exemplares, mais e 600 mil visitantes, e as longas filas para a praça de alimentação com preços surreais, nem parece que o país está em crise. Entretanto também é verdade, que o evento está caro, mal localizado (quando as obras acabam?), e superlotado!

Problemas que não começaram nesta edição em particular, e vem crescendo a cada ano. Mas que a empolgação de mostrar como sua vida é legal nas redes sociais, evita que você mencione o problema, e autoriza os organizadores do evento, a não buscar melhorias.

- Mas Fabi, eu estive lá e vi pessoas com pilhas, sacolas, malas de rodinhas repletas de livros. Gente dando entrevista na TV afirmando que comprou dúzias!

Também vi essa galera. Para eles só posso afirmar, que torço para que aqueles sejam exemplares que compraram para ter aquele momento especial onde seu autor favorito deixa uma dedicatória maneira junto ao autógrafo. Ou ainda que eles sejam exímios e pacientes caçadores das bancadas de pechinchas. Caso contrário estes podem se decepcionar mais tarde ao descobrir que esperar pela Bienal para atualizar sua coleção pode não ter sido nada vantajoso.  

Contudo ainda amamos ler, e continuamos amando essa grande celebração da leitura. Mas, a verdade é que nas próximas edições não vou torcer para encontrar aquela pechincha, ou meu autor favorito. Mas para encontrar uma Bienal melhor. Que sirva os leitores à altura do entusiasmo que eles levam aos corredores!

Leia sobre as edições 2011 e 2013 do evento!

2 Comentários

  1. Desde 2000, visitei todas as Bienais do Livro aqui em SP e a cada novo evento as situação fica pior. A Bienal do ano passado foi terrível em todos os aspectos. Começando com uma fila enorme e bagunçada para entrar no local, com um detalhe, mesmo com o ingresso comprado antecipadamente perdi uma hora e meia para entrar.

    A quantidade de atrações voltadas para adolescentes transformaram o local numa grande balada, sendo extremamente difícil andar pelos corredores e quase impossível de entrar em muitos stands.

    As distribuidoras aproveitam para vender livros encalhados por valores menores, ou seja, não existe promoção alguma. Além disso, estes stands de distribuidoras são verdadeiras praças de guerra.

    Dá para citar os valores absurdos de estacionamento e alimentação, a falta de espaço para comer um salgado que seja e as filas enormes nos banheiros.

    Com um detalhe, enfrentei tudo isso no período da manhã, sendo que a tarde sempre foi o pior horário.

    Depois do ano passado, dificilmente voltarei a uma Bienal. Para enfrentar esta loucura, o melhor é visitar livrarias normais e comprar pela internet.

    Infelizmente em SP, todo evento que se torna popular resulta em bagunça por causa da quantidade de pessoas e a falta de organização.

    Abraço

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  2. Triste em descobrir que a situação não é exclusividade do Rio. E reforçando ainda mais a minha ideia de que algo deve ser dito, ou feito. É um evento pago a situação tem que mudar!

    Quanto aos adolescentes, isso também rola no Rio. Entretanto não quis entrar nesta questão em meu texto pois acabaria divagando, sobre a qualidade das obras oferecidas, e o estímulo para esses jovens buscarem outros gêneros autores e estilos.

    Para muita gente ia soar como preconceito, o que de certa forma é. Tem muita obra vazia conquistando adolescentes, e poucas os estimulando a crescer como leitores. Nada contra o escapismo eventual, mas é preciso evoluir sempre!

    Mas, agora já estou divagando. Melhor parar por aqui....

    Abs...

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