Livre

Com o pé na estrada, é literalmente deste jeito que Livre nos apresenta Cheryl (Reese Witherspoon). Visualmente uma pessoa com problemas que vão além de tentar levantar sua enorme mochila de trilha, mas que desconheceremos à menos que nos empenhemos nesta caminhada com ela.

Baseado no best-seller, Livre - A Jornada de Uma Mulher Em Busca do Recomeço lançado em 2012, o longa conta a história real de Cheryl Strayed. Mulher que decidiu encarar sem experiência alguma a "Pacific Crest Trail", trilha de 4.200 Km, que inclui toda a costa oeste dos Estados Unidos, da fronteira com o México até o Canadá.

Sim é um filme de auto-descoberta e renovação, mas sem sutilezas ou metáforas. Cheryl tem consciência de seus problemas e escolhe a trilha como caminho, literal e figurativo, de expurgar o passado. Entretanto seus conflitos pré jornada são apresentado aos poucos em em inúmeros flashbacks. Muitos deles tão curtos (apresentados como delírios sob o sol), que apenas farão sentido ao fim do filme quando tivermos todas as peças.

O expectador se divide então em tentar entender quem era a protagonista - Era casada? Mas morava com a mãe? E a relação conturbada com o pai? - e torcer para que ela consiga não apenas terminar a jornada. Mas que também chegue ao fim ilesa, física e mentalmente. Afinal, uma trilha solitária traz diversos perigos. Desde os naturais como animais venenosos, como gente mal encarada e falta de recursos.

Enquanto isso Witherspoon carrega o peso do filme adicionado a sua já pesada mochila. Em tela todo o tempo, e em grande parte dele sozinha, ela entrega uma atuação competente, ao apresentar uma Cheryl Strayed pequena, frágil que já chega destruída naquele mundo selvagem. Impressão arruinada quando nos créditos da produção nos deparamos com as fotos da verdadeira Cheryl Strayed durante sua jornada, aparentemente não tão frágil e perturbada quanto sua versão do cinema (mas quem sou eu para julgar o estado de alguém através de meras fotos?).

Também é interessante perceber, já é possível fazer reconstrução de época para 1995! Um passado recente, mas já com suas características visuais bem definidas, além de uma realidade que seus últimos momentos antes do boom da informática. Atmosfera que a produção recria com competência.

Não há dúvidas de que Reese tinha prêmios em mente, quando adquiriu os direitos da obra, e como produtora se cercou de uma boa equipe para levá-la as telas. Infelizmente, nenhuma obra é perfeita, é ma sensação da falta de uma introdução, seguida pela lenta e confusa descoberta dos motivos de Cheryl e a falta de um final mais gratificante (após tão árdua jornada tudo que recebemos é uma  simples narração em off), que residem as falhas de Livre.


Ainda sim, o longa tem mais acertos que erros, seja no esmero da produção, com belas tomadas, reconstrução de época que funciona, trilha sonora inteligente. E claro, a entrega de Reese, que convence por quase toda a caminhada. Caminhar e refletir, simples assim. Provavelmente é nisso que o filme mais acerta, em sua simplicidade.  Uma mulher sozinha no deserto, tentando exorcizar seus demônios. Quem nunca pensou encarar jornada semelhante por muito menos?

Livre (Wild)
EUA - 2014 - 116min
Drama/Briografia


2 Comentários

  1. Fiquei apaixonada pela ideia do filme. Com certeza vou assistir, parece lindo!
    Beijos,
    Nalu
    http://coisasafiins.blogspot.com

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