Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário

Quando eu era pequena, existia alguém no cosmos ajudando os Cavaleiros à vencer. Mas à julgar que o protagonista Seiya não clama nem uma vez pela força de Pégaso, estou inclinada à acreditar, que não existe mais ninguém.

Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário, pretende principalmente, apresentar a saga das 12 casas para o público jovem. Vale lembrar, que o desenho que assistíamos na Manchete foi sucesso no Japão há mais de 30 anos. Logo, as novas gerações podem até ter ouvido falar, mas provavelmente nunca assistiu a animação, ou mesmo leu o mangá.

Também vale lembrar, que a saga do Santuário original, tinha mais de 70 episódios. Para caber em seus 93 minutos, a trama deixa de lado toda a preparação e vai direto ao que interessa, a subida das doze casas. Assim somos apresentados rapidinho à Saori kido, Atena refugiada, e a seus jovens protetores. E, sem mais delongas, a moça logo fica em perigo mortal fazendo com Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki precisem atravessar subir escadarias rampas e atravessar as 12 casas o mais rápido possível.

É aqui que moram os problemas, uma vez que com tão pouco tempo, é necessário saltar casas. O que é feito sem muita explicação. Se você é daqueles que aprendeu a ordem dos signos através das casas do anime, prepare-se para ficar perdido e decepcionado, procurando este ou aquele signo.

A reformulação das personagens também foram pensadas para comportar o pouco tempo e agradar o novo público. Já que não dá para apresentá-los corretamente, o jeito é reforçar as suas características, assim, Seiya fica mais brincalhão, Shiryu vira um "caxias" (melhor nem mencionar Shun).

Os Cavaleiros de Ouro, que tiveram a sorte de aparecer também foram adaptados. Mas, uma vez que hoje em dia o politicamente correto impera, a mudança foi mais drástica para aqueles mais inclinados para o lado negro da força. O resultado é um personagem com o assustador nome de "Máscara da Morte", mas com a personalidade de um Jack Sparrow.

O politicamente correto também interferiu nas batalhas, que apesar de gráficas e luminosas, perdem em golpes e intensidade. Nada de sangue, muito menos a persistência assustadora do protagonista.

O novo visual criado em computação gráfica é mais rico, mesmo porque os desenhos originais tinham o estilo "mesma cara para todos" e a diferença era feita com os cabelos e roupas. Os cenários também ganharam mais detalhes, especialmente as casas, que são decoradas de acordo com as características de seus signos. Deslumbrante, embora, eu ainda esteja confusa porque o exterior em estilo gótico em uma mitologia inspirada na Grécia antiga.


Licenças poéticas à parte, o que deve agradar o fã brasileiro é o retorno de quase todo o elenco de dublagem. Donos das vozes à mais de 20 anos, a equipe se esforça para implantar através das vozes a emoção, ameaça e urgênccia que o filme não tem tempo de criar. Mas não é possível fazer milagres.

E assim como a equipe de dublagem nacional, não conseguiu brecha incluir o icônico bordão "Me dê sua força Pégasu!" no longa. Esta adaptação também falha em conseguir novos expectadores, que não tem muito para se apegar. E se sai ainda pior na tarefa de agradar, os antigos fãs, que não vão compreender as mudanças que enfraquecem a trama.

Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário (Saint Seiya: Legend of Sanctuary)
Japão - 2014 - 93min
Ação / Animação

P.S.: Ao menos serviu para deixar esta blogueira com vontade de rever os desenhos dos anos 80. E é difícil acreditar que não tentaram fazer um "fã service", nem nos créditos com a musica tema. Outra dúvida porque o relógio de Saori só marca "88:88" horas?

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