Rio

Após pré-estréias especiais na cidade titulo, com direito a presença de astros de Hollywood Rio finalmente pode ser assistido pelos cariocas, paulistas, capixabas..., enfim por todo o Brasil. Afinal, a animação estreou em 1000 cópias, ocupando metade das salas do país.

 No início de Rio dezenas de aves, de todas as cores e tamanhos, cantam e dançam com o Pão de Açucar ao fundo. Um filhote de ararinha azul observa animada a agitação com seus enormes e fofos olhinhos curiosos. Mas antes que possa se juntar a festa, a alegria é interrompida por contrabandistas de aves. Um problema com caminhão de transporte depois e Blu (Jesse Eisenberg, A Rede Social) vai parar a fria Minessota, onde é encontrado por Linda (Leslie Mann). Muinto bemtratado pela moça, Blu vive quase como humano. Adora chocolate quente e nunca aprendeu a voar. Linda por sua vez não tem amigos, muito menos relacionamentos, com humanos. É quando o cientista Túlio (Rodrigo Santoro), os encontra que a história começa. 

Em prol da preservação da espécie, Linda e Blu aceita a proposta de Túlio. Os três viajam ao Brasil, para salvar a espécie. Blu, o ultimo macho da espécie deve acasalar com Jade (Anne Hataway) ultima fêmea da espécie. Mas a noite rômantica (se é pode-se chamar assim), é interrompida por contrabandistas de armas que roubam o casal, os levam para a favela antes de executar um "plano infalível", a lá Cebolinha, para tira-los do país. É claro, que o incompatível casal vai se conhecer melhor durante a fuga dos bandidos, além de visitar vários cartões postais da cidade e conhecer a fauna carioca.

Com personagens extremamente carismáticos, o longa está mais próximo da aventura que da comédia. Acompanhamos a descoberta do romance entre os protagonistas, o amadurecimento de Blu. As aventuras de Linda, ao lado de Túlio pela cidade, uma vez que seu filhote, mesmo que de forma forçada, finalmente abandonou o ninho. E até a redenção do menino que ajudava os contrabandistas (Jake T. Austin). Enquanto o drama se desenrola, personagens de apoio tão carismáticos quanto os protagonistas fazem graça e muita música para a platéia.

Divertido e inteligente, a narrativa é conduzida com perfeição. Intercalando a fuga de Blu e Jade com a busca de Linda e Túlio pelas aves, mostra os humanos como reflexo dos animais, tanto em suas aventuras, quanto no romance. A simetria é divertida e rende ótimas cenas de ação que inclui moto-cross pela favela, e alta velocidade com carros alegóricos!

A trilha sonora é uma atração a parte, misturando música interpretada pelos personagens e musicos de renome como Sérgio Mendes e Ivete Sangalo. Will.I.Am. e Jamie Fox interpretam muitas das canções, além de darem vida a Pedro e Nico respectivamente. Dois divertidos passaros que ajudam Blu e Jade em sua jornada. 

Visualmente impecável, o Rio não podia escolher tecnologia melhor para representar suas belezas naturais, e artificiais. Abusando dos cartões postais da cidade reproduzidos com realismo incrível, dos bondinhos de Santa Teresa, passando pelo vôo de asa-delta da pedra bonita, até o sambódromo (é claro que o filme se passa durante o carnaval, né! E tenho quase certeza: o desfile de carnaval era de Paulo Barros!).

Pois é esse "é claro que o filme se passa durante o carnaval", o único ponto fraco do longa. Realizado pelo brasileiro Carlos Saldanha (A Era do Gelo) a grande expectativa era por um longa que fugisse aos eteriótipos: samba, futebol e praia. Rio reforçar todos eles! O menino, que ajuda os bandidos, é orfão,  negro e vive na favela. Todos se vestem com plumas e paêtes durante a festa, e perdem a cabeça ao ouvir o samba ou param o que estão fazendo para contemplar um gol. Afirmar que não gosta do ritmo? Um choque para os personagens cariocas! 

Não que as crianças, o grande público do filme, e alguns dos adultos se importem com isso! Mas seria ótimo, se para variar, o filme fugisse a regra. É verdade Saldanha não vive o cotidiano do brasileiro a duas décadas, e por isso, pode ter esquecido como são as coisas por aqui. Contudo, não acredito que deva-se culpar apenas o diretor pela representação caricata da cultura brasileira, uma vez que os roteiristas são todos estrangeiros. E mesmo bem sucedido, Saldanha não conseguiria vender aquilo que os "gringos", não quisessem comprar. Eles querem o Rio exótico, mesmo repetitivo e fora da realidade. 

Além disso, quando afirmam que o longa deveria mostrar mais que carnaval, futebol,  praia e (nossa ultima inclusão turística) favela, não posso evitar pensar. Mostrar mais o que? O que é tão exclusivo, e com tanto apelo público além dessas coisas? Não adianta nada exportar algo que exista lá fora. Não vai vender! Mesmo irreal, exagerado e cansativo não lembre de nada que venda mais que aquilo que estamos vendendo. Embora, eu não consiga entender a "favela" como produto de exportação. 

Quanto ao menino da favela: de que outra forma ele se envolveria com contrabando de animais? É negro? Oras, se nenhum dos personagens fosse também alegariam racismo. Complicado, não?

Então, lembrei de assistir no Cinema em Casa (a Sessão da Tarde do SBT), a um filme chamado Lambada - a Dança proibida, onde uma princesa índia brasileira (interpretada pela ex-Miss EUA, Laura Harring), viaja ao exterior para impedir a destruição da floresta tropical por uma multinacional. A moça de uma brancura européia falava fluentemente a língua estadunidense, e salvou a floresta executando uma misteriosa dança dos nativos da terra: a lambada! Mencionei o curandeiro que usa picadas de cobra para curar pés torcidos? Nem preciso explicar que eu achava que o longa era uma comédia. Mas perto dele o longa de Saldanha é de uma precisão incrível!

Foi então que percebi, que assim como o Cinema em Casa que me fazia rolar de rir, Rio não é para ficar analisando. Como os personagens sugerem todo o tempo, e as crianças aceitam de primeira, devemos admirar a vista, sentir a música e curtir a viagem, pois vale a pena!

Rio
EUA - 2011 - 96 min.
Animação

4 Comentários

  1. oi Fabiane!
    vim avisar que voltei a postar, e agradecer pelas tentativas de reanimar meu blog ali :)

    quando eu finalmente assistir Rio, venho aqui dizer o que achei!

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  2. Oba! Não tem de que?
    E bem vinda de volta! Peraí....já que está ativo vou te dizer isso lá no seu blog. hehehe

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  3. Vi Rio ontem e adorei! Agora quero uma arara azul! :)
    Fabi, só vc pra lembrar de Lambada, a dança proibida!!!! Era muuuuuito trash, chorava de rir também!

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  4. Tem quase todos os personagens no fast-food do Ronald. :)

    Eu sei que eu falei mal um cadinho do filme no post. Mas curti pacas!

    Pois é minha mente guarda coisas estranhas!!!!

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